segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Depressão Pós-Russia e Tromso, 56º N

Olá a todos. Já há uns dias que não escrevia nada aqui. Começo por vos contar como foi chegar da Rússia. A minha primeira reacção ao voltar a pôr os pés em Bergen foi boa. Já me sinto mesmo em casa neste sítio e quando cheguei foi mesmo isso que pensei: "A minha cidade, os meus sítios, o meu passe dá para estes autocarros, a senhora da caixa do supermercado está mais magra!". É giro ver que já pertenço aqui. No entanto, depois de dias tão agitados e aventureiros, voltar à terrinha pode desmoralizar... E desmoralizou! Na semana seguinte tive alguns momentos de noia em que não sabia bem o que fazer. Admito que foi quase como que me estivesse a adaptar outra vez. Foram os dias mais difíceis que cá passei. Dito assim parece que foram 15, mas foram, no máximo 2. Num desses dias aconteceu uma coisa gira.

Como já tinha dito aqui, não há nada melhor que uma musica pimba para matar as saudades. Baseado neste princípio bem verdadeiro, pus-me a fazer o jantar a ouvir os meus sons portugueses. Como sabem, a minha cozinha é partilhada, mas eles são todos estrangeiros (excepto um Português que não estava) e é lhes igual se eu estiver a ouvir Mariza ou Ruth Marlene. Isto foi só um à parte, porque eu nesse dia estava sozinho. Lá estou eu a cozinhar quando o meu iPod, que me conhece tão bem, decide tocar "Mestre da Culinária" do grande Quim Barreiros. QUE CLIMAX. Era o sal numa mão, pimenta na outra, cebolas a voar pró refogado, margarina a deslizar na outra panela e eu com um acordeão nas mãos feito com uma embalagem de pão de forma meia vazia. Nos meus pensamentos, eu já estava quase no palco da queima das fitas de Coimbra quando noto que, tal como nesse grande evento, ali, na minha cozinha também há público. Claro que fiquei um bocado envergonhado, mas não muito. "Eles não fazem ideia quem é o Quim" - pensava eu... ERRADAMENTE. Eram Tugas!!! Que horror! Felizmente eram do Alentejo e só foram a Lisboa uma ou duas vezes... Já estava a imaginar todo o meu projecto de vida estragado por uma embalagem de pão em forma disfarçada de acordeão. Estavam ali à procura de um amigo qualquer que é português mas que eu não sei que é.

Foi um bocado chato. Mas continuando...

O Outono chegou em força a Bergen e chovem folhas como eu nunca vi. Chovem folhas mesmo. Onde quer que se esteja há folhas a cair não sei de onde.

Hoje chega a Mariana e vamos com o Manu e a Teresa Saldanha para Tromso, a cidade mais a Norte do Mundo (esta afirmação pode provocar controvérsia. Há outros sítios mais a Norte, mas esta é a grande cidade mais a Norte do Mundo).

Não pesquisem "Tromso" na Internet. Faz frio só de saber onde é...

Nenhum comentário:

Postar um comentário