terça-feira, 17 de novembro de 2009

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O post que se segue foi escrito na integra pelo Manuel que, por estar em Bergen como eu, ganhou o direito aos seus 15 minutos de fama no meu Blog.

No sábado passado, ao acordar, reparei que já estava com o cabelo demasiado grande. Ir a um barbeiro norueguês estava fora de questão, pois para além de ser caro, existe uma alta probabilidade da pessoa sair de lá e ser confundida com o Cristiano Ronaldo. Foi então que me lembrei que o Martim tem uma máquina de rapar o cabelo. “Perfeito” pensei eu, “é rápido e não gasto dinheiro”. Como o Pedro já tinha tido essa ideia uns dias antes, a máquina estava a viver no quarto dele. O que era ainda melhor: ia ter alguém para me ajudar e evitar assim algumas ginásticas complicadas típicas de quem corta o cabelo a si próprio. Nessa tarde, lá fui eu ter ao quarto do Pedro para dar início ao processo. O primeiro passo, e mais importante, é escolher o tamanho na máquina. Como neste país faz frio, e eu não queria ficar com o cabelo demasiado curto achei que o maior tamanho – oito – se adequava perfeitamente. Com um balde à minha frente e a cabeça inclinada para o mesmo, começou o “ceifar da trunfa”. De vez em quando tinha que interromper e ir ver ao espelho se estava a rapar bem, pois o fio da máquina não permite as duas coisas em simultâneo. E tudo corria dentro da normalidade. Quando acabei de fazer o que conseguia sozinho, entrou o Pedro em acção. Pegou na máquina, tirou-lhe a pecinha que faz a diferença entre “máquina oito” e “máquina zero”, e começou a tirar alguns cabelos que só saem dessa maneira. Um pouco como fazem os barbeiros profissionais com uma lamina. Mais uma vez, tudo normal.

Quando tudo acabou, eu resolvi ir ao espelho (por uma questão de precaução) para ver se tudo tinha ficado bem feito. À primeira vista, tudo normalmente bem cortado. Mas quando olhei melhor, reparei que uns quantos cabelos, num deliberado acto de rebeldia, tinham ficado por cortar, erguendo-se majestosamente no topo da minha cabeça. E eu, determinado em resolver a situação, peguei na máquina para atacar os dissidentes com firmeza. Já fora do alcance do espelho, calculei mais ou menos onde eles estavam e enfiei a maquina por ali a dentro.

Curiosamente, caíram no balde mais cabelos do que o costume. Estranhando, e meio hesitante, resolvi levar a mão a cabeça. “Falta aqui qualquer coisa…” pensei eu. E foi então que me apercebi que aqueles cabelos rebeldes não só se tinham ido embora, como com eles foi também um número considerável de inocentes. A máquina, implacável, tinha ceifado tudo pela raiz, abrindo uma clareira no topo da minha cabeça. Quando percebeu o que aconteceu, o Pedro saltou imediatamente para o meu lado, de câmara de filmar em punho. Entre risos, tentava captar o delicioso momento, e lutava contra a minha resistência. Finalmente lá deixei que se filmassem uns escassos segundos, contra minha vontade.

No fim desta cena, só restava uma dolorosa solução: rapar tudo o resto com a assassina maquina zero. E assim aconteceu. Comecei por ficar parecido com aqueles monges da idade média que só deixavam uma franjinha ridícula a toda a volta da cabeça, e acabei igual à Fernanda Serrano. Acho que nunca tive tanto frio, é impressionante. Neste momento o gorro é o meu melhor amigo, só tenho pena que algumas pessoas achem que estou a ir para a natação quando passo por elas lol.

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